quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Sendo posto o mesmo cadáver de bruços, encontraram na região dorsal abaixo do omoplata, ao lado esquerdo, quinze ferimentos destacados de pequeno diâmetro, circulados com manchas azuladas em uma circunferência de meio palmo, que mostraram terem sido feitas por bagos de chumbo grosso, encontraram no centro desta mesma circunferência, um ferimento de diâmetro maior com manchas azuladas que mostrava ter sido feito por um quarto de bala; declararam mais que examinando o cadáver pela frente declararam estar o ventre deprimido, sem líquido algum, e que se achava sem olhos, sem nariz, sem os lábios superior e inferior, sem ambas as orelhas que lhes parecem terem sido decepadas por instrumento cortante; declararam mais que encontraram no crânio do lado direito um ferimento transversal tendo nove polegadas de comprimento com separação do osso parietal e parte do temporal interessante a dura-máter, e que esse ferimento mostrava ter sido feito por instrumento cortante; declararam mais que examinando a boca do cadáver o acharam sem língua e que lhes parecia ser esta cortada por baixo da mandíbula junto a laringe, declararam mais, encontrar um ferimento na região precordial entre a terceira e quarta costela, tendo duas polegadas de comprimento, três linhas de largura, e um palmo de profundidade, e em direção ainda para abaixo, e que observando com atenta, ter ofendido o coração, partes adjacentes até ao estômago. Observaram também em circunferência, manchas azuladas. Declararam mais que encontraram um ferimento na região axilar do lado direito, tendo duas polegadas de comprimento e duas linhas de largura e três pole-gadas de profundidade e que este ferimento não mostrava em circunferência mancha alguma circulada e que estes dois ferimentos mostravam terem sido feitos por instrumento cortante e perfurante, declararam mais terem encontrado escoriações em todo o cadáver, cujas lhes parecem terem sido feitas pelos peixes, declararam mais que atendendo a pouca decomposição do cadáver julgam ter estado dentro do rio, quatro ou cinco dias.
Assinaram como testemunha no auto do corpo de delito, Antônio José Gomes e Francisco José Teixeira de Andrade.
Em seguida o subdelegado em exercício, ordenou que se lavrasse o auto de reconhecimento do cadáver, que está assinado pelo subdelegado, Promotor da Justiça, os peritos do exame cadavérico com as testemunhas presenciais: Francisco Gambier de Souza Pacheco, Antônio José Gomes, José Gomes da Costa Lima, Joaquim Fonseca Moura, Francisco de Paula Dias Moreira, Francisco José Teixeira de Andrade, Manoel Teixeira, Gabriel José Teixeira de Andrade, Lourenço Alves Moreira Vicente José Alves José Cardozo Gonçalves, Peris Carmi, Manoel Ignácio da Silva, João José Gomes de Oliveira, Theodoro Leite de Abreu, Antônio Rodrigues e Manoel Joaquim do Nascimento.
Ao cair da tarde desse dia- 25 de maio de 1863- um grande préstito fúnebre entra na vila do Rio preto, conduzindo o corpo do malogrado Pereira, que foi sepultado no cemitério da irmandade de “Nosso Senhor dos Passos”.
Nunca se viu tanta gente na Vila, como nesse dia gente que veio de longe render a última homenagem ao bandeirante da terra ribeirinha roubado da vida tão tragicamente.

Caiu por fim envolvido na sua bandeira de idealismo, com a queda de Manoel Pereira da Silva Júnior, o chefe do Partido Liberal que toma vulto, quase que abatendo o Partido Conservador, este que foi pelo Ministro Bernardes de Vasconcelos, então Mi-nistro do Império, na Regência de Feijó, partido que tem em suas mãos as prerrogativas de mando.
Partido que é apoiado pelo jovem Imperador do Brasil D. Pedro II, e que tem como representantes em Rio Preto, os membros da família Fortes, familiares da Corte Imperial.
Horrível assassinato. Assim descreve Padre Martiniano Teixeira Guedes, ao referir-se à situação em que o corpo foi encontrado. Óbitos de Rio Preto, 1844- 1849. Folhas 165 verso. Pesquisa nos arquivos da Arquidiocese de Juiz de Fora. FHOAA em2009.




Capítulo XIV
Outras Medidas.




José da Silva Pereira, irmão da vítima, requer do subdelegado em exercício, Francisco Duarte da Silveira, que se proceda no rio Preto e imediações da Cava Grande uma busca, a fim de encontrar o animal que montava Pereira sela ou selim, e seus pertences, assim também as botas, botinas, esporas, colete, paletó, ou sobrecasaca, camisa, lenço de algibeira e de pescoço, coisas que se acham desaparecidas.
Deferindo o requerimento, a autoridade ordena que se intime a Francisco Antônio de Oliveira e José Joaquim Felisberto para procederem ao requerido.

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