Do barco que se apresenta com cambiantes de imponência, salta Pereira, deixando a bordo um escravo a fim de guardar a embarcação.
Entra mata adentro a procura de operários escravos que deverão passar para a outra banda do rio.
Existe defronte à fazenda uma ponte, mas o seu proprietário proibiu que Pereira com sua gente nela fizesse trânsito.
O administrador Morais que está em vigília permanente a fim de perseguir o malogrado construtor de estradas, chama os escravos da Fazenda de Santa Clara, os de nome Chico Gomes, Dezidério, Pio Serrador e o livre Domiciano, que é cunhado de José Pereira.
Com presteza retiram a barca para a terra firme, obrigando sob ameaça de morte, ao escravo vigia, a auxiliar nesse serviço.
Posta para fora d’água pegam em um trado, previamente preparado, fazem algumas perfurações no fundo da barca, colocam dentro grande quantidade de pedras a lançam-na no rio.
Como é de se esperar, a barca afunda incontinentemente.
Cá fora, Morais com sua gente, dão gargalhadas estrepitosas.
Procede-se desta forma é porque o comendador Souza Fortes o ordenara, pois estava indignado por ver Pereira entrar em suas terras, a fim de cavar a estrada que alcançasse Conservatória.
Antônio Ignácio Ferraz, o dono da Fazenda de São Francisco (Pirapetinga), esquecido da antiga amizade de Pereira, que se achava na fazenda do comendador,quando notou a indignação de seu visitado, deu a idéia de que se enchessem a barca de café da fazenda, prendessem e amarrassem o escravo que a vigiava, levassem-no preso para a vila do Rio Preto e denunciassem Pereira como ladrão de café, usando para isso sua barca.
O comendador Souza Fortes não deu consentimento para assim procedessem.
Duas lágrimas de pesar caíram pelas faces de Pereira quando testemunhou a cruel vingança feita pelos Fortes, pondo ao fundo das águas plácidas do rio Preto o seu aparatoso barco nem mesmo respeitando os pavilhões pátrios que nela drapejavam.
Resignadamente, subiu com sua gente, margem direita do rio Preto, mesmo em terras da fazenda São Fernando, indo atravessar o rio pela sua ponte defronte à sua antiga propriedade- Pirapetinga- (São Francisco).
Ir contra gente que só desrespeitava as leis do Império para humilhar a seus concidadãos é para Pereira uma tarefa ingrata, mas animado pelo grande círculo de seus amigos e com os beneplácitos dos governos provinciais de Minas Gerais e Rio de Janeiro, não esmorece.
Que fazer! Via que no término de suas obras, seriam compensados pelos cofres públicos os seus esforços sobrehumanos, reabilitando assim, o seu estado precário de finanças.
Tinha algum crédito ainda, mas este estava em cheque, pois o Dr. Antônio Joaquim Fortes de Bustamante, o mais ilustre da família, indo a Vassouras, dirigiu-se à “Casa de Furquírios X Irmãos”, onde Pereira tinha conta-corrente, pediu que não lhe adiantassem mais dinheiro porque Pereira não pagaria, visto não colher o café que dizia possuir; procedimento este reprovado pelas pessoas presentes.
Francisco de Paula Dias Moreira é empregado na fazenda São Luiz, da Marquesa de Valença, como administrador.
Indo à Bom Jardim, na volta passou pelo Solar da viscondessa de Monte Verde.
Ai encontra o dr. Gabrielzinho que esperando descobrir em Dias Moreira opinião contra a estrada do Boqueirão da Mira, pergunta-lhe:
_Como achaste a estrada do Boqueirão, Moreira?
_Esplêndida! Faz encurtar a viagem, pois gastei do Bom Jardim até aqui apenas seis horas, respondeu Dias Moreira.
Contrariado diz o dr. Gabrielzinho.
_ A mesma coisa não julga o Vigário de Bom Jardim que é pereirista.
_Digo-o com sinceridade, pois não sou pereirista nem fortista, respondeu Moreira, achei a estrada ótima.
_ O amigo ousa me contrariar? Diz dr Gabrielzinho todo indignado, fazendo o administrador da fazenda de São Luiz se retirar às pressas de Santa Clara.
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