Capítulo XI
Na Fazenda Santa Clara.
Logo após ao martírio de Pereira, Calixto é visto na fazenda, com camisa e calça de pano azul, molhado da cintura para baixo,chegando com uma espingarda na mão.
Um velho escravo, o Tiago de Nação Cabinda, pergunta-lhe o que estava fazendo e Calisto responde:
_Atirei uma capivara na volta do rio, na lavra do João Brumado.
Dessa hora em diante, cria-se uma vigilância permanente pelos arredores da fazenda feita por sua gente.
Todos que passam pela estrada são reconhecidos pelos seus habitantes que se acham às escondidas.
O Dr. Gabrielzinho, logo que o espetáculo da Companhia Dramática Cabral terminara, ordenou a Calixto e Tira Prosa, que incontinente, regressassem à fazenda, prometendo faria o mesmo no dia imediato, o que cumpriu, chegando à fazenda antes do amanhecer.
Pintar aqui a luta que se travou no íntimo do Dr. Gabrielzinho, será cousa impossível, considerando a fraqueza das tintas com que o autor dispõe em sua palheta e a ineficiência de seu pincel.
É uma dessas lutas terríveis que assaltam o cérebro. É a consciência com voz mais forte, mais autoritária, transforma a alma num báratro. E o Dr. Gabrielzinho tinha momentos de revolta, mas, acusar a quem?
Ele próprio contribuíra para lançar Pereira no túmulo das águas do rio Preto. Não! Os seus cúmplices exorbitaram as suas funções. Mas, que fazer a sua condição de mandante desse crime, monstruoso, não se alterava. Denunciar? Quem? A quem? E a sua condição de Juiz de Direito? Confiava na discrição das águas mansas do rio Preto.
Na tarde desse dia foi, com Tira Prosa, dar um sal no gado, na fazenda dos Batistas.
No terceiro dia, depois do almoço, saiu com o mesmo e João Ilhéu, administrador da fazenda, em direção a Santa Rita, passando pela casa de Antonio Ferraz a fazenda Pirapetinga, mas voltou antes de chegar a Santa Rita.
Francisco Dineli e dois outros, seus companheiros, de nomes Francisco e Ludgero, artistas que faziam parte da Companhia Dramática Cabral, tornaram-se, antes do crime, amigos inseparáveis de Calixto e Tira Prosa, e, logo após o crime, vem à fazenda conversar com Dr. Gabrielzinho e daí desaparecem, sem mesmo voltar a Vila, deixando de acertar com Candiane com quem se contrataram.
Estes como Tira Prosa andavam sem vintém e logo após o assassinato, exibiam suas carteiras cheias, com notas de cem mil réis.
Cúmplices ou autores da morte de Pereira que fugiram à responsabilidade, com certeza. (Nos autos do Processo, nada consta a respeito). Tira Prosa retirou-se da fazenda antes do crime, com pretexto de ir à Corte, mas tomou rumo a Santa Rita e voltou com Calixto.
Ambos, durante os oito dias que antecederam ao crime, não dormiam durante a noite, saindo e voltando à fazenda, com pretexto de correrem os boiadeiros, que, de vez em quando, dormiam nos pastos da fazenda.
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