terça-feira, 19 de outubro de 2010

Capítulo XII.


Na Fazenda Pirapetinga.



Pirapetinga, o antigo solar de Pereira, se ergue altaneira na barranca do rio Preto.
Foi ali que o malogrado bandeirante, da terra ribeirinha fez a sua fortuna e foi ali que se concebeu a trama para o seu martírio e desdita de sua família.
A docilidade de um lar que ali se formou, soprado pela for-tuna adquirida por um trabalho honesto e duradouro, foi destru-ída. Será que, existe entre aquelas paredes, o mesmo sossego de outros tempos? Não! Os seus habitantes são outros e ali fez do-mínio, a inquietação. A fazenda é cercada de uma vigilância enorme.
Vamos ver o que ali se passa.
Os bastidores têm os seus mistérios, têm os seus horrores. Às vezes cambiantes poéticas, às vezes páginas manchadas de sangue.
Faz-se na fazenda, a batida de feijão nos dias que agora de-correm. Há aglomeração de escravos em volta da grande quanti-dade de feijão em vagem, estendida pelo chão, munidos de compridas varas, surrando o feijão para o desgarramento do in-vólucro.
Entre os escravos, estão Manoel Carapina ex-escravo de Pereira, quando proprietário da fazenda Pirapetinga, e sua mulher, a escrava Josefa.
Entre os dois houve uma discussão, e Carapina espanca Jo-sefa, com a vara, com tanta infelicidade que esta fica prostrada no chão, vindo a falecer pouco depois, devido às pancadas recebidas.
O preto escravo é por isso preso num tronco de campanha, na mesma fazenda.
A justiça nas fazendas é geralmente, distribuída pelos seus proprietários ou pelos seus auxiliares.
Nessa emergência, João Francisco de Azevedo, administra-dor de Santa Clara, que aí se achava, começa a maltratar o preto escravo, pelo crime de uxoricídio. E, este entre maltratos a ele in-fringidos, clama:
_Porque eu sou tão maltratado assim por um criminoso também! Si matar Pereira, meu senhor, não é crime, matar Josefa, também não o é. Se continuarem, fujo daqui e vou denunciar à Justiça, os matadores do meu senhor Pereira. Sei bem quem o matou, onde, como e quando.

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