terça-feira, 13 de abril de 2010

Assassinato de Manoel da Silva Pereira Júnior.

Não obstante a apresentação dessa carta a seu amigo Moura, este insiste com Pereira, que permaneça em sua casa até o dia seguinte, pois era mais de meio dia e não chegaria ainda com sol em Santa Rita, arriscando-se a viajar sozinho pelas terras dos Fortes, advertindo-lhe que a gente da Baronesa é capaz de fazer-lhe algum mal.
Expôs-lhe que no dia seguinte seria acompanhado de Francisco de Paula Dias Moreira, que agora é administrador da Fazenda de São Luiz, da viscondessa de Valença, que seguia para Santa Rita.
Se o faz porque sabe que os Fortes estão desesperados por ter Pereira ganho a questão da estrada e já espera um desfecho menos agradável; dá-lhe a notícia de que é Juiz de Direito de Rio Preto, desde o dia 10 de maio corrente, o Doutor Gabriel Ploesquelecc Fortes de Bustamante.
Pereira não aceita o convite alegando que tem que pernoitar em casa de seu irmão José Pereira, que mora em uma casa sita defronte a casa de Fernando Ferraz, a fazenda de São Mathias, do lado de Minas, para chegar mais cedo à Santa Rita.
Às duas horas, mais ou menos, Pereira despede-se de seu amigo Joaquim da Fonseca Moura e precisamente às três e meia entra nos domínios da fazenda de Santa Clara.
Veste neste mesmo dia, calça de casimira clara, colete do mesmo pano, sobre-casaca e chapéu preto e com seu chapéu de sol roxo, cobrindo ao sol. Cavalga u’a mula preta tordilha.
Aproxima-se da sede da fazenda Santa Clara.
Ao passar pela frente da casa da fazenda, a um sinal convencionado, Calixto, que já está de espera, sai e o acompanha armado de uma espingarda e, um estoque dentro de um velho e amontado em uma besta preta, pertencente à “Tira-Prosa”, puxando um cavalo baio de cauda preta.
“Tira-Prosa”, aos saltos, enche seu revolver de balas, e pega numa faca comprida, de ponta, com cabo, bocal e ponteiro de prata, e salta em cima do lombo de u’a mula pelo rabo, pertencente ao doutor Gabrielzinho.
Eles já tinham prevenido estes animais para se servirem no momento oportu-no.
Enquanto isso, Pereira, ao marchar de seu animal, afasta-se da casa da fazenda.
A Cava Grande, lugar onde tem uma porteira, era, até pouco tempo, a divisa da fazenda de Santa Clara e Santa Tereza. É um corte onde passa a estrada que margeia rio acima, até a barra do Pirapetinga, e daí, em busca da freguesia de Bom Jardim, traçado que já conhecemos.
Pereira força a porteira com o cabo do guarda-chuva. Não cede. Está amarrada com um cipó ao batente.
Tira, Pereira, o pé do estribo a fim de apear para desembaraçar a porteira.
Quando levanta a perna direita e move o corpo para descer do animal, recebe, pelas costas, um tiro de espingarda, cujo estampido ecoa pelo vale.
Ferido não tem forças para manter o equilíbrio do corpo e cai ao chão, estirando-se. Chegam, em torno de si, seus algozes, “Tira-Prosa” e Calixto, Porfírio escravo, João Ilheo, administrador da fazenda, e outros. Quando levanta a perna direita e move o corpo para descer do animal, recebe, pelas costas, um tiro de espingarda, pelas cos-tas, um tiro de espingarda, cujo estampido ecoa pelo vale.
Ferido não tem forças para manter o equilíbrio do corpo e cai ao chão, estirando-se. Chegam, em torno de si, seus algozes, “Tira-Prosa” e Calixto, Porfírio escravo, João Ilheo, administrador da fazenda, e outros. Aí começa o suplício do malogrado construtor de estradas, que dura meia hora. Vão lhe furando os olhos, cortando as orelhas, os lábios e o nariz.
Para tornarem-se despercebidos os gritos de Pereira, um escravo da fazenda, canta em voz alta. Antonio Joaquim de Oliveira, vulgo Antonio Raimundo, que mora em São Pedro do Taguá, à margem do rio Preto, dirigia-se a uma casada colônia da fazenda Santa Tereza, de dona Eleutéria, surpreende-se com aquele quadro.
Horrorizado escondeu-se na mata, a cavaleiro da Cava Grande. Entre os assassinos reconhece o escravo Porfírio.
Pereira, entre extorsões de dores, já agonizante, liga, quase que impercepti-velmente, estas palavras:
_Matem-me, mas não judiem de mim.
Uma faca entra nervosamente em cena. A sua língua é cortada, os seus dentes são quebrados.
“Tira-Prosa” sangra com o punhal o inditoso Manoel Pereira que dá o último suspiro.
O seu cadáver está completamente nu e com aspecto horrível.
Uma só ferida !

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