quarta-feira, 3 de junho de 2009

Crime da Cava Grande. José Marinho de Araújo.1938

Preâmbulo




Os acontecimentos que vão desenrolar-se na leitura deste trabalho, a ficção de romance, constituem, sobremodo, uma história pungente, onde surgem vultos portadores de títulos fidalgais que prevalecem das posições para humilhar aqueles que porventura procuram contrariá-los. É uma história escoimada de ficção, cor com que os autores tingem as suas obras mudando-as de aspecto. Ela é a expressão forte da verdade, bebida em documentos de valor.
A prepotência de uma família poderosa que domina rincões da terra brasileira é afinal destruída pela morte de um homem que sem força, a princípio, consegue cercar-se de uns cem números de elementos de escol para, depois de morto, conseguir o brilho de esplendores sonhados.
Esses acontecimentos desenvolvem-se numa ocasião em que dois partidos- Conservador e Liberal- em renhida luta, dividem a alma do povo da Vila de Rio Preto, ainda nos alvores de sua vida autônoma, pois não fazem ainda três anos que a Vila foi restabelecida, com a ascensão dos Conservadores. Esses que são agora senhores da situação, com um prestígio forte diante dos Governos da província e do Império, desfrutam todas as posições de mando,enquanto noutras esferas, os Liberais digladiam suas armas disseminadas e enraizadas pelo Império, a fim de reconquistarem as posições perdidas há bem pouco.
Ao sabor das injunções políticas, Rio Preto tem atravessado fases diversas de sua vida administrativa. Os Conservadores conseguiriam a elevação da localidade à Paróquia pela Resolução de 14 de Julho de 1832; a Vila pela Lei Provincial número 271, de 15 de Abril de 1844.
Com sua derrota, foi a Vila suprimida pela Lei número 665, de 27 de Abril
[1] de 1854.
Novamente restaurada pela Lei número 835, de 11 de Julho de 1857, com a reconquista das posições perdidas pelos Conservadores.
-Os Conservadores conseguiriam a elevação da localidade à Paróquia pela Resolução de 14 de Julho de 1832;
- a Vila pela Lei Provincial número 271, de 15 de Abril de 1844.
- Com sua derrota, foi a Vila suprimida pela Lei número 665, de 27 de Abril
[2] de 1854.Novamente restaurada pela Lei número 835, de 11 de Julho de 1857, com a reconquista das posições perdidas pelos Conservadores.
Esses conhecendo que sua queda eminente avizinhava-se procuravam suprimir a Vila. Os Liberais, sem forças, pois tinham um raio de ação muito restrito, não conseguiram a sua instalação, constituindo-se assim, uma primazia dos Conservadores, que, com sua ascensão, aos altos postos do Governo Imperial, procuravam a instalação da Vila.
Assim, na móvel Vila de Rio Preto, que conta com poucos anos de vida autônoma, em diversas fases, ecoam, agora, com mais vigor, as trompas liberais e conservadoras, empolgando a massa, dividindo-a, atirando-a em embates, constituindo assim, uma centelha do prélio admirável que entusiasma as esferas políticas do Império.
Os Conservadores que, nessa ocasião, desfrutavam as prerrogativas de um Ministério, são aqui representados pelos Fortes. E, os Liberais por Manoel da Silva Pereira Júnior, português de origem que, com muitos de seus patrícios, rompe com os Fortes, família numerosa, composta com portadores de títulos fidalgais, para fundarem em Rio Preto, dentro de outros moldes, o partido Liberal.
E, o partido de Pereira surge vigoroso, ameaçando destruir o prestígio formidável dos Fortes.


[2] O Partido Conservador foi fundado pelo mineiro Bernardo de Vasconcelos, Ministro do Império, na Regência de Feijó.

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